A novela sobre a vinda ou não da gigante chinesa Oppo à América Latina ganhou mais um capítulo nesta sexta-feira, 17. A matriz voltou a negar que esteja preparando o lançamento de smartphones, como o Oppo Find X, por aqui. E os supostos representantes da marca decidiram cancelar um evento marcado para a próxima quarta-feira, 22.

Contrariando alegações de empresários brasileiros feitas em julho, a chinesa disse que não nomeou representantes na América Latina e que não tinha planos no continente. Os empresários disseram, em seguida, que tinham respaldo da Oppo em Dubai, e que talvez houvesse uma falha de comunicação desta com a matriz na China.

Nesta sexta-feira, 17, o Olhar Digital recebeu mais um posicionamento da empresa. “O representante da Oppo em Dubai não está autorizado a abrir novos mercados para a Oppo”, diz a nota. “Confirmamos com nosso representante em Dubai que eles nunca autorizaram qualquer organização ou indivíduos no Brasil ou no Paraguai a iniciar a operação ou fazer negócios na América Latina.”

Em seguida, os brasileiros, que preparavam a inauguração de uma “loja oficial” da Oppo no Paraguai, informaram que o evento foi cancelado e será remarcado. “Razões que nos levaram a cancelar tal evento foram as matérias recentemente divulgadas pela imprensa e mídia social onde foi colocada em dúvida o nosso relacionamento comercial de parceria para com a empresa” (sic), disseram.

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Veja a nota do cancelamento na íntegra:

“Na qualidade de importador, distribuidor, trader e dealer OPPO, gostaríamos de informar que decidimos cancelar o lançamento oficial da marca OPPO no Paraguai prevista para o dia 22/08/2018.

Razões que nos levaram a cancelar tal evento foram as matérias recentemente divulgadas pela imprensa e mídia social onde foi colocada em dúvida o nosso relacionamento comercial de parceria para com a Empresa OPPO.

Em breve informaremos nova data para o lançamento.

Estes esclarecimentos serão brevemente apresentados à imprensa e Mídia Social.

Também queremos deixar claro que nossa Empresa manterá a lisura na comercialização dos produtos OPPO no Paraguai, preservando o bom nome da OPPO e garantindo a todos os nossos Clientes os seus direitos universais de Consumidor.

Todos os produtos OPPO que, por nossa empresa forem comercializados, terão garantia de fabrica por um ano e a garantia de reposição de peças. Esta é a nossa obrigação de toda empresa que preza por lisura em seus negócios.”

A história até aqui

Em julho, durante a feira Eletrolar Show, empresários brasileiros disseram a veículos de imprensa nacionais que estão preparando a abertura de uma loja oficial da Oppo em Ciudad del Este, na divisa do Paraguai com o Brasil, em agosto.

A ideia, segundo eles, era de que, a partir das instalações paraguaias, celulares da Oppo fossem distribuídos para o restante do continente. Um dos porta-vozes da empreitada foi o empresário Salém Mata, identificado como presidente da Oppo na América Latina.

No entanto, a assessoria de imprensa da Guangdong OPPO Mobile Telecommunications Corp. Ltd., a matriz da empresa chinesa, entrou em contato com o Olhar Digital para desmentir as afirmações de Salém Mata e da suposta representação brasileira da marca.

“Até o momento, a Oppo China não autorizou nenhuma organização ou pessoa a comercializar seus telefones na América Latina nem nomeou qualquer pessoa como sua representante na região”, informava o comunicado. “Alertamos também os consumidores de que os celulares Oppo China vendidos por canais não-oficiais não receberão suporte da empresa, não serão atualizados e não terão direito ao serviço de atendimento ao consumidor.”

Os empresários por trás da suposta loja da Oppo no Paraguai chegaram a encaminhar convites a jornalistas para um evento de lançamento da marca em Ciudad del Este. O convite dizia: “A Oppo convida você para o lançamento oficial da marca no Paraguai e abertura de sua loja oficial”.

O site TudoCelular falou com Cesar Borba, CEO do grupo responsável pela operação no Paraguai, que contradisse a matriz chinesa. Segundo ele, a operação tem, sim, respaldo da Oppo de Dubai, e não da Oppo da China, e que tudo parecia ser “apenas uma falha de comunicação” entre as sedes da empresa.

“Seria loucura fazer todo esse trabalho, com um evento marcado para a semana que vem para o qual convidamos diversos jornalistas, se não tivéssemos o respaldo da marca. E, principalmente, não seria justo com o consumidor, também”, prosseguiu Borba. “Estamos em contato com Dubai para esclarecer tudo direitinho. Esperamos resolver tudo o mais rápido possível, mas acredito que seja apenas uma falha de comunicação com a China.”

Agora, como se vê nos novos desdobramentos, a matriz chinesa manteve a versão de que não autorizou o lançamento de seus produtos na América Latina. A organização brasileira, que ainda garante que tem autorização da matriz chinesa, resolveu cancelar o evento de qualquer forma.

A Oppo foi fundada em 2004 e começou sua expansão internacional em 2009. Desde então, oferece produtos em 35 países da Ásia, África e leste europeu. Segundo a consultoria IDC, a marca é hoje a quinta maior vendedora de smartphones do mundo, dominando 1,7% do mercado no primeiro trimestre do ano.