Recentemente, os Correios anunciaram uma nova taxa de R$ 15 que será aplicada a absolutamente todos os pacotes vindos do exterior. Essa situação criou um desafio grande para empresas que lidam diretamente com importação de produtos da China, como é o caso da Wish, que declarou abertamente que pode rever sua operação no Brasil diante da nova taxa.

O grande problema da Wish, e de outras empresas similares como Aliexpress e Gearbest, é que muitas das compras realizadas pelos brasileiros na plataforma são muito baratas. Quando os Correios acabam incluindo uma taxa de R$ 15 sobre uma compra de, por exemplo, R$ 4, o negócio deixa de ser interessante para o consumidor.

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Em entrevista à revista Veja, Nicola Azevedo, executivo responsável pela operação da Wish na América Latina explicou que o Brasil é um dos 10 maiores mercados da companhia no mundo, mas que a cobrança realizada sem aviso prévio pode forçar a empresa a investir seu dinheiro em outras localidades. Azevedo também menciona que a companhia até tenta negociar uma alternativa com os Correios, mas até o momento não há novidades.

A estatal justifica essa cobrança com o aumento das importações nos últimos anos, que varia entre 100 mil e 300 mil objetos por dia. Segundo a empresa, foi preciso “injetar mais recursos na operação para manter o padrão do serviço”. A companhia ainda destaca que o valor cobrado é “menor que a média praticada por outros operadores logísticos”.

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-> Como rastrear encomendas no site e aplicativos dos Correios

Essa nova taxa se refere “às atividades de suporte ao tratamento aduaneiro realizados pelo operador postal” — ou seja, recebimento de objetos, inspeção por raio X, disponibilização de informações online e outras ações executadas pelos Correios.

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A expectativa dos Correios é de que a cobrança de R$ 15 por encomenda importada pode gerar aos cofres dos Correios entre R$ 1,5 milhão e R$ 4,5 milhão por dia, o que pode vir a gerar mais de R$ 90 milhões por mês. Na prática, há pouco incentivo para que os Correios revejam essa nova taxa.

No entanto, a estatal tem sofrido, sim, alguma pressão externa para ao menos explicar melhor o motivo da cobrança e o que pretende fazer com o dinheiro extra. Tanto o Procon-RJ quanto a Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor), órgão vinculado ao Ministério da Justiça, abriram investigações para questionar a prática, mas não há qualquer indicativo de que eles consigam reverter o processo.